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Cura em Psicanálise

  • Foto do escritor: Anita Regina Bento
    Anita Regina Bento
  • 20 de mai.
  • 2 min de leitura

Por Anita Regina Bento.

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Dentro da psicanálise, cura e patologia, ganham uma conotação bem singular.

Todo conteúdo inconscientizado de alguma maneira ‘conversa’ com a parte consciente do ser – a isso chamamos sintoma. E ao dar voz ao sintoma abre-se a possibilidade de acessar, ainda que parcialmente, esse conteúdo traumático, de ruptura. As patologias, portanto, indicam um caminho a seguir, e a psicanálise percorre esse caminho, num retrospecto feito através da narrativa.


Essa operação é composta por um grande desafio: tratar o resquício de algo que não se sabe-lembra o que é; tentar chegar à emoção causadora de tal ruptura psíquica/trauma, entendendo que nem causa, nem efeito hoje, são os mesmos de quando aconteceram, porque o psiquismo não é estanque, mas, por outro lado, permite aderências que vão se acumulando à essa ‘energia guardada’ do trauma. E talvez nunca se venha a saber exatamente o que ocasionou o trauma, ou em que momento ele ‘eclodiu’, porque saber isso, de fato, talvez não seja o mais relevante nessa equação.


Me parece que, o que importa realmente, no hoje, é encontrar uma maneira de diminuir, ou fazer cessar o sofrimento trazido pelo sintoma (note que nem é a cessação do sintoma), e nisso, então, consistiria, na maneira que entendo, uma cura possível pela psicanálise.


Entender a psicanálise experiência e vivência do relacionar-se, consigo e com outros, através da fala livre e da escuta que acolhe, permite ‘desconstruir’ o sintoma dado. Já que, se assumimos que só existimos diante do olhar do outro, é nessa ambiguidade que existimos. E a clínica psicanalítica não tem por único objetivo um ‘bem-estar’, mas pode ser efetivamente revertedora de sofrimentos carregados desde tempos imemoriáveis, de coisas nunca ditas, nem acolhidas, nem mesmo sabidas.


Falar dentro do setting analítico é dar espaço, dar voz ao que dói. É fazer borda, dar contorno, enquadrar, nomear, o que até então era angústia. E essa operação, por si só, proporciona algo como bem-viver.

A psicanálise é esse olho de sol num dia nublado e frio...



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Anita Regina Bento é psicanalista e atua com adultos, adolescente e idosos, tem formação em Filosofia e Filosofia Clínica pelo Instituto Packter, Bacharelado em Filosofia pela UFPR, e fez seu percurso em Psicanálise pela EPC – Escola de Psicanálise de Curitiba, e segue em constante atualização em grupos de estudo da psicanálise.


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